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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Márcio Jerry, militância e o custo de ser o “homem forte” do governo

Repórter Tempo - É quase uma regra universal que todo governo tem um “homem forte”, um ministro, assessor, secretário ou simplesmente uma “eminência parda” que tem a preferência do chefe e que com ele divide a intimidade do poder. O “homem forte” é, via de regra, um sujeito inteligente, esperto, preparado e experiente, e por isso é respeitado, temido e até odiado nos bastidores do poder e, muitas vezes, fora deles. No governo Flávio Dino (PCdoB), o “homem forte” é o jornalista e presidente estadual do PCdoB Márcio Jerry, que comanda a emblemática Secretaria de Articulação Política e Assuntos Federativos.

Márcio Jerry é, de longe, o assessor mais destacado da equipe de governamental e, por isso mesmo, o braço do governo que mais atrai encrencas, nem sempre justas. Cuida das relações políticas, dá pitacos na área de comunicação e é acionado pelo governador Flávio Dino para negociar situações tensas e decisivas, desarmar bombas que podem causar crises e alimentar uma guerra de ataques e contra-ataques nas redes sociais. Seu poder pode ser medido pelo fato de que o governador autorizou um aporte de R$ 2 milhões ao orçamento anêmico da sua pasta, o que foi repercutido pela oposição como um escândalo.

O Márcio Jerry de hoje é fruto do ativismo político, forjado na militância de esquerda, que começou no movimento estudantil. O ativista se contrapõe ao jornalista, que não teve militância intensa nas redações, mas compensou essa lacuna dando aulas na UFMA e atuando como assessor no campo político e partidário. O que faltou no jornalista do dia a dia sobrou no operador das novas mídias. Isso porque percebeu de longe o poder avassalador da internet e das redes sociais – é fissurado no twiter, mas também usa o facebook e todos os cordéis virtuais como instrumentos eficientes de ação política.

O hoje poderoso assessor do governador Flávio Dino vivenciou o poder nas suas mais diversas formas, reunindo experiências que o tornaram o agente político que é. Nos anos 90 do século passado, comandou o Instituto do Homem, uma ONG maranhense financiada por algumas organizações europeias. Depois, militou no PT, quando participou do surpreendente movimento que em 2004 elegeu o petista Jomar Fernandes prefeito de Imperatriz, de quem se tornou secretário de comunicação e conselheiro, mas de quem se afastou quando percebeu que aquele governo seria um completo desastre. Foi duramente criticado, mas sobreviveu.

Sempre atuando no campo partidário, Márcio Jerry filiou-se ao PCdoB e ali intensificou sua militância até chegar ao comando do partido. Foi um dos ativistas que embalaram a vitoriosa candidatura de Jackson Lago (PDT) em 2006, tendo também atuado intensamente na campanha do ex-juiz federal Flávio Dino para deputado federal, de quem se tornou um fiel escudeiro. Assim, operou na campanha fracassada de Dino à Prefeitura de São Luís em 2008, e atuou como homem de proa na campanha em que Dino perdeu para Roseana Sarney em 2010, cometendo o erro de cantar vitória antes da hora. Na corrida municipal de 2012, já dominando o poder das redes sociais, Márcio Jerry foi o idealizador e operador do projeto de comunicação que levou Edivaldo Jr. (PTC) à Prefeitura de São Luís, assumindo a Secretaria Municipal de Comunicação. Deixou o cargo no início de 2014 para assumir o comando da campanha vitoriosa de Flávio Dino ao Governo do Estado, valendo-se, mais do que nunca, das redes sociais.

Os fatos ocorridos antes da posse do novo governo indicaram que Márcio Jerry seria o “homem forte”, indicação confirmada com sua nomeação para a Secretaria de Articulação Política e Assuntos Federativos. Nesse cargo, tornou-se o principal porta-voz do governo. O governador Flávio Dino o tem como uma espécie de coringa, escalando-o para resolver os mais diferentes “pepinos” na seara política e institucional. Jerry faz ponte com sindicalistas, prefeitos, deputados federais e estaduais, vereadores, e até empresários. Tem também a missão de engordar o PCdoB.

Márcio Jerry tem mais poder do que qualquer outro secretário. Tem todas as suas ações avalizadas pelo governador Flávio Dino. E por conta dessa posição, é alvo preferencial de adversários, que vez por outra o colocam em situação incômoda, dizem que ele manda mais que o governador, que tem mais privilégios do que o resto da equipe. Enfrenta agora artilharia pesada por que a Polícia Civil descobriu que um dos seus assessores tinha nebulosas transações com o agiota Pacovan. E do seu bunker no twitter reage às vezes com ironia, outras com deboche e aqui e ali com serenidade ou indignação.

A quem lhe pergunta se é, de fato, o “homem forte” do governo, ele reage como todo “homem forte”: “O único homem forte do governo é o governador Flávio Dino”.


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