Repórter Tempo - É quase uma regra universal que todo
governo tem um “homem forte”, um ministro, assessor, secretário ou simplesmente
uma “eminência parda” que tem a preferência do chefe e que com ele divide a
intimidade do poder. O “homem forte” é, via de regra, um sujeito inteligente,
esperto, preparado e experiente, e por isso é respeitado, temido e até odiado
nos bastidores do poder e, muitas vezes, fora deles. No governo Flávio Dino
(PCdoB), o “homem forte” é o jornalista e presidente estadual do PCdoB Márcio
Jerry, que comanda a emblemática Secretaria de Articulação Política e Assuntos
Federativos.
Márcio Jerry é, de longe, o
assessor mais destacado da equipe de governamental e, por isso mesmo, o braço
do governo que mais atrai encrencas, nem sempre justas. Cuida das relações
políticas, dá pitacos na área de comunicação e é acionado pelo governador
Flávio Dino para negociar situações tensas e decisivas, desarmar bombas que
podem causar crises e alimentar uma guerra de ataques e contra-ataques nas
redes sociais. Seu poder pode ser medido pelo fato de que o governador
autorizou um aporte de R$ 2 milhões ao orçamento anêmico da sua pasta, o que
foi repercutido pela oposição como um escândalo.
O Márcio Jerry de hoje é fruto do
ativismo político, forjado na militância de esquerda, que começou no movimento estudantil.
O ativista se contrapõe ao jornalista, que não teve militância intensa nas
redações, mas compensou essa lacuna dando aulas na UFMA e atuando como assessor
no campo político e partidário. O que faltou no jornalista do dia a dia sobrou
no operador das novas mídias. Isso porque percebeu de longe o poder avassalador
da internet e das redes sociais – é fissurado no twiter, mas também usa o
facebook e todos os cordéis virtuais como instrumentos eficientes de ação
política.
O hoje poderoso assessor do
governador Flávio Dino vivenciou o poder nas suas mais diversas formas,
reunindo experiências que o tornaram o agente político que é. Nos anos 90 do
século passado, comandou o Instituto do Homem, uma ONG maranhense financiada
por algumas organizações europeias. Depois, militou no PT, quando participou do
surpreendente movimento que em 2004 elegeu o petista Jomar Fernandes prefeito
de Imperatriz, de quem se tornou secretário de comunicação e conselheiro, mas
de quem se afastou quando percebeu que aquele governo seria um completo
desastre. Foi duramente criticado, mas sobreviveu.
Sempre atuando no campo
partidário, Márcio Jerry filiou-se ao PCdoB e ali intensificou sua militância
até chegar ao comando do partido. Foi um dos ativistas que embalaram a vitoriosa
candidatura de Jackson Lago (PDT) em 2006, tendo também atuado intensamente na
campanha do ex-juiz federal Flávio Dino para deputado federal, de quem se
tornou um fiel escudeiro. Assim, operou na campanha fracassada de Dino à
Prefeitura de São Luís em 2008, e atuou como homem de proa na campanha em que
Dino perdeu para Roseana Sarney em 2010, cometendo o erro de cantar vitória
antes da hora. Na corrida municipal de 2012, já dominando o poder das redes
sociais, Márcio Jerry foi o idealizador e operador do projeto de comunicação
que levou Edivaldo Jr. (PTC) à Prefeitura de São Luís, assumindo a Secretaria
Municipal de Comunicação. Deixou o cargo no início de 2014 para assumir o
comando da campanha vitoriosa de Flávio Dino ao Governo do Estado, valendo-se, mais
do que nunca, das redes sociais.
Os fatos ocorridos antes da posse
do novo governo indicaram que Márcio Jerry seria o “homem forte”, indicação
confirmada com sua nomeação para a Secretaria de Articulação Política e
Assuntos Federativos. Nesse cargo, tornou-se o principal porta-voz do governo.
O governador Flávio Dino o tem como uma espécie de coringa, escalando-o para
resolver os mais diferentes “pepinos” na seara política e institucional. Jerry
faz ponte com sindicalistas, prefeitos, deputados federais e estaduais,
vereadores, e até empresários. Tem também a missão de engordar o PCdoB.
Márcio Jerry tem mais poder do
que qualquer outro secretário. Tem todas as suas ações avalizadas pelo
governador Flávio Dino. E por conta dessa posição, é alvo preferencial de
adversários, que vez por outra o colocam em situação incômoda, dizem que ele
manda mais que o governador, que tem mais privilégios do que o resto da equipe.
Enfrenta agora artilharia pesada por que a Polícia Civil descobriu que um dos
seus assessores tinha nebulosas transações com o agiota Pacovan. E do seu
bunker no twitter reage às vezes com ironia, outras com deboche e aqui e ali
com serenidade ou indignação.
A quem lhe pergunta se é, de
fato, o “homem forte” do governo, ele reage como todo “homem forte”: “O único
homem forte do governo é o governador Flávio Dino”.
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