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sábado, 13 de julho de 2019

Weverton Rocha: liderança regional colocada em risco pelo voto de Gil Cutrim

Voto de Gil Cutrim tirou o PDT do eixo causou fissura na liderança de Weverton Rocha
Mais do que um forte indicativo de que o comando nacional do PDT está em crise, o voto do deputado federal Gil Cutrim a favor da Reforma da Previdência, contrariando a orientação do partido – outros sete deputados pedetistas fizeram o mesmo -, causou um forte embaraço na cúpula estadual do arraial neobrizolista, deixando o chefe maior da legenda, o senador Weverton Rocha, que lidera o partido no Senado, numa posição delicada. O episódio colocou em xeque a autoridade e também a liderança do senador, reconhecido por seus pares, eleitores, adversários e observadores como um comandante firme e determinado, não havendo registro, pelo menos até aqui, de qualquer fato dentro do PDT maranhense que tenha deixado Weverton Rocha desarmado e sem resposta à altura. O voto de Gil Cutrim, pode se dizer, foi o primeiro contrapé que abalou a solidez da posição do sucessor de Jackson Lago no comando do braço maranhense do socialismo moreno.

A votação da Reformas da Previdência foi um desastre completo para o PDT e para o PSB, funcionando também como uma pancada na esquerda. Enquanto partidos como PCdoB e PT, por exemplo, votaram em bloco contra o projeto, as bancadas do PDT e do PSB racharam, com oito dos 27 deputados pedetistas e sete dos 32 da bancada socialista se insurgiram contra a orientação do partido pelo voto contrário e aumentando o número de votos favoráveis. A consequência foi instantânea: PDT e PSB foram apontados nacionalmente como partidos de comandos fracos, que têm na Câmara Federal bancadas que se dividem, com os insurgentes alegando convicções diferente a respeito do que lhes foi orientado. E como um efeito dominó, a impressão de falta de firmeza desembarca nos estados, onde os chefes partidários são responsáveis pelo posicionamento dos seus representantes no Congresso Nacional.

Nas suas explicações para o voto divergente da orientação partidária, o deputado Gil Cutrim insistiu no argumento segundo o qual votou a favor do texto-base de acordo com as suas convicções. Isso indica claramente que sua posição já era conhecida dos chefes pedetistas, não tendo sido, portanto, um fator surpresa. Por dedução lógica, torna-se praticamente impossível que Gil Cutrim tivesse escondido suas convicções dentro da bancada para revelá-las apenas no momento da votação. Logo, a mesma lógica sugere que tanto a liderança da bancada quanto o chefe regional do partido, senador Weverton Rocha, já sabiam da dissidência. Do contrário, serão facilmente apontados como dirigentes relapsos, que não cuidam da consciência ideológica, doutrinária e programática dos seus liderados, tornando o partido uma colcha de retalhos mal alinhavados.

Mesmo sabendo que sua insurgência lhe imporia consequências, é provável que o deputado Gil Cutrim não tenha avaliado os desdobramentos políticos do seu gesto, menos ainda que eles colocariam em dúvida o comando do senador Weverton Rocha. O problema em política é que decisões controversas costumam causar estragos em cadeia, e o voto do deputado Gil Cutrim foi uma decisão controversa no que diz respeito à posição do partido. E como não poderia deixar de ser, sua atitude dissidente   produziu um questionamento natural acerca do papel do líder partidário regional na crise em que o neobrizolismo foi mergulhado, na noite de quarta-feira, no plenário da Câmara Federal.

Numa perspectiva mais frouxa, a crise pedetista nacional e seus desdobramentos regionais poderia ser resolvida com o enquadramento dos insurgentes nos cânones neobrizolistas. Mas a repercussão da insurgência, festejada pela direita e pelo Palácio do Planalto, e certamente lamentada pelo Palácio dos Leões, tirou o PDT do eixo e, sem dúvida, mexeu com o comando do senador Weverton Rocha, causando uma rasura no seu projeto maior, cuja primeira etapa é levar o PDT a uma grande vitória nas urnas municipais, e a segunda, e mais importante, é chegar ao Governo do Estado em 2022. Da coluna Repórter Tempo.

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