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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Artigo do Chico Leitoa: Pleito Intempestivo

Acompanho com muita atenção e hoje até com apreensão, os movimentos da oposição, principalmente nos últimos dias, as movimentações dos partidos aglutinados em torno da pré-candidatura oposicionista, liderada pelo ex-deputado Flávio Dino.

A princípio, seis partidos dialogavam Maranhão afora, com uma chapa majoritária "fechada" em termos partidários. Com força acumulada em 2010, o movimento atingiu até o imaginário popular, chegou aos chamados grotões, onde tradicionalmente a oposição não penetrava. Ai se configura uma posição consolidada. E quem materializa uma posição consolidada para transforma-lá em votação? A classe política. Nesse aspecto, coube ao conjunto dos partidos imbuídos de propósitos verdadeiros, procurar reforçar politicamente o grupo. Movida por interesses convergentes, a oposição fez o dever de casa.

O grupo adversário sabe disso mais do que nós e age para impedir isso e se possível desfalcar o nosso time, ou no mínimo jogar lenha na fogueira.

Com a chegada do PROS, PPS e PSDB, estava praticamente fechada a equação.

O PPS, numa posição privilegiada com a performance da depudada Eliziane, num gesto de desprendimento e grandeza, sacrificou uma candidatura promissora e juntou-se ao grupo, sem imposição.

O PP, Solidariedade e PROS, com quadros e tempo de televisão, renunciaram inclusive a candidaturas ao Senado, caso do Deputado Valdir Maranhão e do Deputado Domingos Dutra, sem falar também  na renúncia do ex-governador Zé Reinaldo (PSB) ao mesmo cargo, resolvida internamente, tudo em nome da unidade.

Com a exigência da vaga de candidato a Vice, por parte do PSDB, condição imposta para seu desembarque, com a CONTA  assumida pelo presidenciável Aécio Neves, com o argumento de que partidos que têm candidato a presidente teriam que estar representados na chapa majoritária (PSB e PSDB), com PSB já representado, o RISCO ficou com Flávio Dino,  pois prevalecendo o argumento, ia sobrar para o PDT que não tem candidato a Presidente e tinha a garantia da indicação. E ai?...

Atendida a exigência, foi festejada  a incorporação do PSDB, que com seus quadros, sua importância e tempo de televisão,  o time se completara.  Restando para Flávio, a difícil e desconfortável missão de se entender com o PDT, além de problemas de outra natureza, a serem enfrentados. 

O PDT, que em principio tinha a possibilidade/obrigação de ter uma candidatura própria, para resgatar sua historia e manter o legado de Jackson, de forma equivocada, não discutiu tal situação, pelo menos como alternativa. Se fixou em algo que o PSDB se agarrou como condição de participação no projeto. Flávio, que se viu numa sinuca, na tentativa de ganhar sem perder, arriscou na história de luta e resistência do Partido com menos possibilidades de compor com os adversários. "Cedeu" à exigência dos tucanos.  Tese vencedora.

O presidente Nacional do PDT reagiu e reage de forma veemente à não participação do partido na chapa majoritária. Por ele, mesmo fora de hora, o PDT partiria com candidatura própria no primeiro turno, até porque o partido tem um pretendente com potencial, ou na última das hipóteses, tomaria outro caminho. Solicitou tal posição dos companheiros do Diretório Regional do Maranhão, em reunião muito tensa dias atrás  em Brasília. Depois de três horas de debate, delegamos a ele as tratativas que pudessem  contornar o grandioso problema, levando em conta o seu e o  nosso descontentamento, mas também  a  nossa  posição/situação.

Várias conversas internas apontam para um posicionamento sintonizado com a Nacional, porém, o andamento do processo nos incomoda, pois na contramão do nosso sacrifício, o PSDB (sim, pois ninguém é candidato de si mesmo ou sem o aval do partido), desconsiderando toda a luta travada pela UNIÃO com sacrifícios dos partidos aliados até então, no momento em que mais se enaltece a sua chegada, tenta impor uma candidatura ao Senado, numa aliança que já tem candidato, não levando em conta o acerto com sua direção nacional, e a delicadeza da situação, que pode desmantelar tudo e redundar numa tragédia para a oposição.

Vale dizer que a proposta de composição da chapa atendeu à lógica partidária, não a ambições pessoais. Ninguém representa a si mesmo, mas ao conjunto de forças aglutinadas, inclusive à engenharia da eleição presidencial.

Sem qualquer desmerecimento ao pretendente, pois trata-se de uma das figuras mais importantes da política maranhense, portanto merecedor de qualquer postulação, porém, o pleito é intempestivo, dadas as complicadas negociações, se contrapondo e passando  por cima do argumento do Presidente nacional do PSDB. Ou não? Sem contar que a tese escora-se em uma pesquisa que mede apenas o óbvio recall dos nomes, sem aferir cientificamente as projeções de potencial de votação. Vale-se de uma fotografia para inferir o filme.

Dois anos atrás, em artigo, e recentemente numa entrevista no rádio, eu falei que a oposição só perde essa eleição pra ela mesma. Algumas pessoas interpretaram como sendo excesso de otimismo, arrogância etc. Nada disso, foi prevendo algo dessa natureza. Levado a efeito por companheiros que teimam em achar que o jogo é fácil, que sozinho é a solução, e podem brincar com fogo.

Poder pode, mas é sabendo que vai sobrar pra todos. A dúvida é apenas no grau das queimaduras.

O PDT, com sua responsabilidade histórica, está tentando com desprendimento e grandeza política, sanar o grave problema interno, no sentido de manter a união, esperando a mesma atitude do PSDB. O Maranhão também espera e vai cobrar, pois caso contrário, é quem vai ser penalizado.

Nessas alturas do campeonato, querer substituir ao mesmo tempo, duas posições há muito tempo acertadas, de dois partidos também importantes, ou lançar dois candidatos ao senado para uma vaga (já vimos esse filme), é disseminar discórdia e colocar em risco um projeto viável de alternância de poder, é fazer gol contra...

Em se mantendo o que está acertado, admitindo que o PDT, que tinha motivos para chutar o pau da barraca, digeriu sua situação, e com muito trabalho, cada um fazendo sua parte, são enormes as chances de vitória da oposição, inclusive para Senador, caso contrário...

O Lobo agradece e  Gast(ar)ão novamente a vaga ao Senado. São  pedras cantadas...A população sabe disso mais do que a classe política, e dela espera o mínimo de maturidade para que, com sentimento acumulado, expresse sua vontade. 

Engenheiro Chico Leitoa


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