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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Escola de Brasília dirigida por professor timonense é destaque no jornal O Globo

O Centro de Ensino Fundamental Maria do Rosário Gondim da Silva em Ceilândia (DF) é destaque mais uma vez na mídia nacional, e desta vez mereceu reportagem especial no jornal o Globo. O colégio tem como diretor o professor timonense James Mayner, ex-gestor Regional de Educação do governo do Maranhão em Timon.

Confira a reportagem do jornal O Globo abaixo:

Escolas buscam formas de educar em meio a cotidiano de violência

Série do GLOBO mostra avanços e dificuldades em ensinar nos colégios dentro de áreas de conflito

O desafio de ensinar é mais complexo quando elementos como a pobreza e a violência estão presentes. Estudos já demonstraram que o rendimento escolar dos alunos piora quando há presença de confrontos na área onde o colégio está localizado.
Alunos do CEF Maria do Rosário, em Ceilândia Norte, praticam xadrez nos intervalos das aulas
Era 1985 quando a professora que dá nome ao Centro de Ensino Fundamental Maria do Rosário Gondim da Silva foi assassinada, depois de um dia de trabalho, durante um assalto no ponto de ônibus próximo à escola. De lá para cá, a violência só aumentou em Ceilândia, cidade com o maior número de homicídios do Distrito Federal - média de 15 por mês neste ano. No entorno do colégio, estudantes eram assediados a qualquer hora por traficantes. Dentro dos portões, uma rotina frequente de brigas que já fizeram alunos perderem dentes e saírem carregados para o hospital.

— Ou tirávamos o intervalo, para diminuir as ocorrências, ou pensávamos em algo que modificasse por completo o comportamento dos alunos, inclusive com reflexos no aprendizado — conta a professora de português Joelma Alves de Amorim Duarte.

A escola decidiu pela segunda opção. E implantou, a partir de uma revitalização do colégio com a ajuda de pais e estudantes, o projeto Intervalo Dirigido, aprovado pela Secretaria de Educação do DF. Iniciada em 2012, a iniciativa, até controversa à primeira vista, aumentou o tempo de intervalo, de 15 para 30 minutos. No período, os alunos se concentram em jogos de xadrez, tênis de mesa, amarelinha, dama, futebol, entre outras atividades. O problema das brigas se resolveu.

Faltava ver se o rendimento nas salas de aula, reformadas com lousas novas, cortinas e ventiladores, evoluiria. Os primeiros resultados apareceram. Tradicionalmente compatível com as metas projetadas, o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) da escola saltou em 2013, chegando a 5,7, que era a nota esperada para este ano. Alguns talentos já começaram a ser revelados nas oficinas de xadrez ofertadas a cerca de 170 alunos e 30 pais.

Vice-campeão nos Jogos da Primavera, que reúne escolas de Ceilândia, Pedro Henrique Gomes descobriu a paixão pelo xadrez no ano passado. Aos gritos dos colegas de “campeão”, ele conta que agora se prepara para disputar competições mais ambiciosas. Vai à escola três vezes na semana, à noite, para ter aulas com o professor. Ele conta que só evita passar pela praça ao lado do colégio, onde “tem tiroteio de vez em quando”.

Durante a visita à escola, O GLOBO presenciou a Polícia Militar revistando quatro jovens suspeitos de tráfico de drogas que estavam na praça mencionada pelo garoto. A poucos passos dali, mensagens grafitadas na parte de fora do muro da escola pedem uma “cultura de paz” e que a comunidade não jogue lixo no local.
O professor timonense James Mayner é o diretor da escola
A escola ganhou biblioteca, sala de audiovisual, laboratório de informática, jardim e horta, deixando professores também motivados. Nenhuma das melhorias físicas, no entanto, teriam sido suficientes para tirar do colégio os problemas trazidos pela violência ao redor, na avaliação de James Mayner Silva, diretor do colégio.

— Chamamos para nós a responsabilidade de oferecer uma escola agradável, envolvendo os próprios estudantes na recuperação das instalações da escola. Eles agora cuidam do ambiente — conta James.

Os tempos de pichação ficaram na memória de Alexandre de Jesus Pinheiro. Aluno do 7º ano, depois de três repetências, ele conta que “ia no embalo” na hora de sujar as paredes e os muros da escola. Agora, o garoto de 15 anos diz que ajuda “a preservar, porque é de todos”.

Para Júlia Muhamad Dib, de 11 anos, as mudanças na rotina do colégio fizeram cessar o bullying do qual era vítima. A aluna do 6º anos passou a fazer parte de um time seleto de alunos, os chamados monitores, identificados com uma camiseta de cor chamativa como responsáveis pelos menores durante o intervalo.

— Fiz uma prova de conhecimentos gerais para ser monitora e passei. É um privilégio. Antes dessas mudanças na escola, me xingavam, faziam brincadeiras sem graça, hoje me respeitam — orgulha-se Júlia.


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