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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Artigo do Edson Vidigal: Vestais

A dinâmica dos fatos está rolando as expectativas numa velocidade tanta que as surpresas que despontam nas curvas mais parecem armadilhas, e muitas são.

Tu adotas uma reta e segue direitinho com olho esperto em tudo à frente e ao derredor querendo não transgredir e, de repente, alguma autoridade, leia-se autoridade em tudo do que não se deve fazer, sobe nas tamancas só para te repreender.

Na Roma antiga tinham as vestais, as mulheres virgens encarregadas de manter aceso o fogo no templo de Vesta, a deusa-símbolo da unidade familiar. Naquele lugar sagrado homem nenhum podia entrar.

Dizem que as vestais eram lindas e, por isso, muito cobiçadas. Tinham que manter-se virgens enquanto na função.

Seria morta a vestal que ousasse quebrar o voto de castidade. Mas estaria liberada das obrigações aquela chegasse à idade decaída. Se não o quisesse, poderia ficar para ensinar as liturgias do templo às mais novinhas que fossem chegando.

Quando se chama uma pessoa de vestal, e se ela tem alguma cultura logo se ofende, é porque, não obstante o respeito que os romanos devotavam às guardiãs do fogo no templo da deusa, e a vigilância severa para que homem nenhum se aproximasse muitas delas, ainda assim, apareceram grávidas.

As vestais, amiga, amigo, eram tão admiradas pelas suas virtudes que, ao saírem às ruas deixando esvoaçarem suas madeixas alongadas sobre as espáduas cobertas por uma manta púrpura, causavam um frenesi tão danado que os caras ajoelhavam-se, embasbacados.

Os roedores da história foram roendo, roendo, até que sobre as vestais o que só ficou mais nítida foi essa ressonância no sentido pejorativo.

O que tem de gente por este planeta das ilhas, e planalto também, querendo ser vestal no sentido de portar virtudes é de fazer rir, sim porque diante de um cenário assim tão ridículo com tantos cretinos só nos resta rir.

Afinal, ensinaram os romanos, ridendo castigat mores! É rindo que se castigam os costumes. Ou como lecionou o Millor, é rindo que se castigam os mouros, quer dizer, esses que se acham os poderosos, por aí.

Mas não basta só ficar achando graça da cara deles. Fazem-nos rir, sim, mas eles têm sido muito cruéis conosco, quero dizer com nós, o Povo em geral.

No escurinho do cinema deles estão rindo prá caramba da nossa cara, e ainda vamos continuar com cara de bestas, quem sabe, talvez, até as próximas eleições.

É impressionante como desdenham da nossa capacidade de memorizar os fatos de que há pouco falaram e logo depois, na primeira curva, juram desconhecê-los completamente. Fingem não terem memória, achando, talvez, que os outros é que são os retardados.

É não esquecer, gente, as campanhas que fizeram, e ainda intentam repeti-las, querendo desclassificar o trabalho dos trabalhadores, atribuindo-lhes defeitos fortes, enxovalhando-lhes a integridade, desidratando - lhes a reputação.

E agora essas as provas no conhecimento nacional, irrompendo aos borbotões como se saíssem de uma tubulação destapada, a nos mostrarem as malfeitorias que eles vinham fazendo, às escondidas nos escaninhos do poder político que usurparam.

Mas já se engasgam com as farpas das armadilhas que montaram.

(Por Edson Vidigal é advogado, ex-vereador de Caxias, ex-deputado federal, professor e ministro aposentado do STJ)

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